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Projeto no HU de Londrina utiliza brinquedos para aliviar desconfortos da internação

Projeto desenvolvido por estudantes da UEL com crianças no HU de Londrina utiliza brinquedos para aliviar desconfortos da internação

 

Os olhos atentos de Nicolas Felipe da Costa Assenso, 9, acompanham com interesse a explicação dos estudantes do quarto ano de enfermagem da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Vendo um boneco que tem o mesmo tratamento que ele recebe no HU (Hospital Universitário) desde que sofreu fratura em uma das pernas, o menino entende com a demonstração a importância do cuidado do local quebrado. A ação faz parte do projeto “Brinquedos Terapêuticos”, que diariamente leva às crianças atendidas na instituição alento para aliviar os desconfortos causados pela internação.

A atividade ocorre com aqueles que ficam no pronto-socorro, pediatria e UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica do hospital. O grupo, que reúne cerca de 30 alunos dos cursos de enfermagem e psicologia, além de residentes, visita os meninos e meninas com os brinquedos, e demonstra nesses objetos os procedimentos pelos quais os pequenos pacientes irão passar ou que já foram submetidos. Os estudantes esclarecem sobre o tratamento e deixam o atendimento mais humanizado. Com o gesto ainda é possível superar angústias, medos e dores.

“É brinquedo terapêutico instrucional. Antes de irem aos leitos os alunos são bem capacitados na parte teórica e prática, com treinamento, em que são explicadas a técnica e forma de abordagem. Isto varia de acordo com as idades e o que a criança tem. Os próprios estudantes mais antigos ajudam, como uma forma de multiplicação do conhecimento. Cada criança tem uma patologia e existe uma forma diferente de aplicar a partir disso. A instrução é pelo brinquedo”, explica a coordenadora do projeto, Rosângela Pimenta.

Início

O projeto começou há cerca de quatro anos e teve como ponto de partida uma monografia, em que a aluna fez pesquisa qualitativa com equipe de enfermagem do HU sobre uso do brinquedo no tratamento. “Isso foi em 2012 e vimos que os resultados geraram dados positivos, com a ciência do brinquedo na área da saúde. Como tínhamos muitas demandas, só em 2015 inscrevemos o projeto, que foi aprovado e iniciamos”, relembra a professora do Centro de Ciências da Saúde da UEL.

Antes de levar o brinquedo é feito contato inicial para aproximação e conhecimento mútuo de alunos e criança. Os participantes usam jaleco azul como forma de desmistificar a questão do médico e enfermeiro, que utilizam branco, mostrando que as ações que propõem são acima de tudo lúdicas. “O boneco é caracterizado a partir da situação da criança. Desenvolvemos ciência, mas para a criança é brincadeira. O brincar é essencial para o desenvolvimento da criança e o hospital ‘corta’ isto. O brinquedo favorece esta retomada para desenvolver”, destaca.

Todos os brinquedos utilizados passam por higienização para evitar infecção hospitalar. Eles vêm por meio de doações, campanhas e aquisição dos próprios envolvidos, sejam novos ou usados. Os pequenos que não têm restrição podem visitar a brinquedoteca, onde estão à disposição livros e jogos de tabuleiro. Os brinquedos costumam ser doados para o paciente, com cada um tendo o seu, não havendo trocas entre eles. O objeto acaba se transformando em passatempo.

Experiência

Para os estudantes, o aprendizado é valoroso em todos os aspectos. No projeto desde o primeiro ano, Wellington Garcia aponta que a experiência é gratificante. “Traz aprendizagem como pessoa e futuro profissional da área da saúde. No projeto aprendemos mais do que ensinamos. Com ele é possível trazer o conhecimento técnico para a linguagem da criança, na situação que ela está”, cita.

Luana da Silva, integrante da iniciativa e aluna do quarto ano de enfermagem, ressalta que é notória a melhora no comportamento e recuperação da criança após ser contemplada pelo “Brinquedos Terapêuticos”. “Já teve caso de criança que ia fazer cirurgia por ter hepatite B e era todo amarela. Explicamos porque estava assim com o boneco, ela ficou mais calma, falava o que estava sentindo”, relembra. “No terceiro ano o curso tem módulo de saúde da criança e adolescente e como temos uma bagagem adquirida no projeto, fica mais fácil a abordagem. É uma troca”, completa.

Pioneiro

Morador de Porecatu (Região Metropolitana de Londrina), Nicolas Felipe da Costa Assenso teve uma fratura exposta na perna direita, sendo socorrido posteriormente na pediatria do HU, onde estava há cerca de duas semanas quando a reportagem esteve no hospital. Mesmo utilizando um fixador externo na perna, ele mantinha o ânimo e gostou da “aula” descontraída que teve quando foi abordado pelos estudantes que integram o projeto. “Não quero ser médico, mas foi legal, deu para entender”, resume. “Quero ir para casa com ele bom. Então ele aprendeu sobre o curativo e eu também”, aprova a mãe do garoto, a dona de casa Adriana da Costa.

 

Rosângela Pimenta, coordenadora do projeto: "O brincar é essencial para o desenvolvimento da criança" - Foto: Ricardo Chicarelli

 

A iniciativa é pioneira no Brasil e já vem sendo reconhecida por outras instituições de ensino e saúde, que querem replicá-la, seja em Londrina ou em outras cidades. Em 2017 foi organizado um evento multiprofissional para debater o assunto e trocar experiências, o que deve ser repetido neste ano. Para 2019 está programado levar o projeto para outros setores do Hospital Universitário, como centro de tratamento de queimados e unidade de moléstias infecciosas. “Por dia são atendidas, pelo menos, de duas a três crianças”, contabiliza a professora Rosângela Pimenta. Até 2018 mais de 300 meninos e meninas participaram do projeto.

Informações: Folha de Londrina

Fotos: Ricardo Chicarelli

 

Mais informações na programação da Rádio Cultura AM 930

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