Faleceu, neste domingo (30), Cidnéia Aparecida Mariano, a Néia. Ela ficou conhecida em Londrina por ser sobrevivente de uma tentativa de feminicídio, ocorrida em 2019, por parte do então companheiro dela. Na época, Néia não morreu, mas ficou tetraplégica, acamada e sem poder falar. Hoje, aos 35 anos, Néia deixa quatro filhos e uma história de vida que virou símbolo local da luta pelo fim da violência contra a mulher.
“Néia, minha irmã caçula, se foi. Não foi a covid-19 que a tomou de nós. Foi um vírus criado e cultivado cotidianamente pelas sociedades humanas chamado machismo. […] Durante quase dois anos após a saída do hospital, Néia lutou pela vida. Nessas últimas semanas, ela desistiu. Apesar de todos os cuidados familiares e médicos, ela se definhou e tristemente nos deixou neste domingo, 30 de maio. Néia se foi, vítima de feminicídio consumado”, escreveu Silvana Mariano, irmã de Néia, nas redes sociais.
Em abril deste ano, dois meses após a condenação de Emerson Henrique de Souza, o agressor de Néia, foi lançado o Observatório de Feminicídio Néias Londrina. A entidade surgiu com a intenção de acompanhar os casos de feminicídio na cidade, dando visibilidade a eles e questionando suas motivações.
Em nota, a entidade manifestou pesar pela morte de Néia e reforçou que ela continuará servindo de inspiração. “A luta não foi em vão. A vida de Néia não foi em vão. Seguimos firmes e renovamos nosso propósito de luta, pela memória de Néia e pela vida de todas as mulheres”, escrevem.
Leia a nota completa:
Nota de pesar: Néia presente!
É com imensa tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Cidnéia Aparecida Mariano, na noite deste domingo chuvoso, aos 35 anos. Néia vai-se muito cedo. Vai-se vítima de um sistema violento e inescrupuloso. Vai-se, sobretudo, vítima de uma sociedade omissa diante da violência contra as mulheres.
Néia deu nome ao nosso Observatório porque fez acender em nós, militantes feministas, a necessidade da luta pelo fim da violência feminicida. Nosso Observatório nasceu do anseio de justiça por Néia e por todas aquelas que sofrem da forma mais brutal o peso do patriarcado, que ceifa e limita vidas femininas.
Hoje, com a morte de Néia, mais filhos ficam órfãos, mais uma mãe chora a morte precoce de sua filha. O feminicídio tentado contra Néia em 2019 consuma-se, simbolicamente, hoje. Nós, que compomos o Observatório, expressamos nossa irrestrita solidariedade à família de Néia e nosso agradecimento a todas e todos que, de diferentes formas, colaboraram para sua recuperação.
A luta não foi em vão. A vida de Néia não foi em vão. Seguimos firmes e renovamos nosso propósito de luta, pela memória de Néia e pela vida de todas as mulheres.
Néia presente!
(1985-2021)
Com informações:Tem Londrina
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