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Jandaia: Famílias de vítimas de acidente com ônibus da Apae e trem entram na Justiça

Pelo menos seis famílias de vítimas do acidente entre um trem e um ônibus da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), em Jandaia do Sul (PR), entraram com ações judiciais pedindo indenização por danos morais e materiais contra o município. O acidente ocorreu em 9 de março deste ano. Cinco pessoas morreram e outras 23 ficaram feridas.

A família do menino João Lucas dos Santos Silva, de 8 anos, que morreu no acidente, é uma que acionou o Judiciário em busca de indenização. No entendimento da família, o município também deve ser responsabilizado pelo acidente, uma vez que permitiu que um motorista com Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida dirigisse um ônibus que também estava em situação irregular.

O advogado da família, Angelo Silveira, afirma que, além da CNH vencida, o motorista não tinha curso específico para transporte escolar. “Além disso, o ônibus estava com licença vencida há três anos e meio. Foram mais de três anos, portanto, sem verificar qualquer item de segurança naquele veículo”, cita o advogado.

Silveira pondera que a indenização não aliviará a dor dos familiares nem trará o João de volta, entretanto, é um direito que deve ser buscado. “Isso também vai mostrar para o município que é preciso ter mais cuidado com os munícipes”, ressalta.

A mãe de João, Sueli Aparecida da Silva, vê negligência da Prefeitura. “Acho que a prefeitura deve ser responsabilizada, sim. O ônibus não é da Apae, mas da prefeitura. Eles alegam que não têm culpa, mas sabiam das irregularidades. Como puderam colocar um motorista com habilitação vencida para carregar crianças especiais?”, questiona.

Nesta semana, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o acidente e indiciou o motorista do ônibus por homicídio e lesão corporal culposa (quando não há intenção de matar) na direção de veículo automotor. A conclusão do inquérito demorou quase quatro meses por conta no atraso na finalização de alguns laudos periciais complementares.

Para a mãe de João, o motorista assumiu a responsabilidade no momento que avançou a preferencial. “Na minha opinião, ele foi um suicida, porque ele sabia que o trem estava vindo. E, agora, cadê meu filho? Cadê meu João? Era só eu e meu filho, que era tudo para mim. Agora estou sozinha aqui, nessa casinha que foi construída para mim e para o João. Ele amava essa casa”, comenta.

A perda trágica do filho causou um trauma na vida de Sueli e dos familiares. Ela conta que mora próximo ao local do acidente e ainda tem que lidar com os sinais sonoros que o trem emite diariamente e que não a deixam descansar. Quatro meses se passaram e até o momento ela não conseguiu fazer um acompanhamento psicológico por meio da rede pública.

“Eu estou passando por problemas psicológicos sérios, não durmo mais. Moro perto da linha do trem e, todos os dias, ouço o barulho do trem, principalmente de madrugada. Eu fico chorando, sofrendo, pois lembro que esse trem matou meu filho por causa de uma imprudência de um motorista. Uma parte de mim se foi. Todos os dias pergunto porque isso aconteceu comigo”, desabafa.

Sueli lamenta que, mesmo após o acidente que vitimou seu filho, nada seja feito no trecho onde a colisão aconteceu. “Não fizeram nada lá, não tem uma cancela, não tem um semáforo. Nem a árvore que atrapalha a visão foi cortada. Vão esperar acontecer mais o quê para proporcionar mais segurança naquele local?”, indaga.

Ela também reclama da falta de assistência por parte da prefeitura. “Não tive nenhum apoio, a única coisa que me ajudaram foi um botijão de gás. Estou com meu nome para passar por psicólogo e não consigo consulta. Eles me ajudaram quando meu filho estava internado, mas depois que ele morreu nunca mais apareceu ninguém”, reclama.

POSICIONAMENTO DA PREFEITURA

O prefeito de Jandaia do Sul, Lauro Junior (União Brasil), confirma a existência das ações judiciais e assinala que o caso é tratado pelo jurídico. Ele assinala que não tem ainda muitas informações sobre os processos.

No entanto, o prefeito afirma que as famílias estão no seu direito de procurar reparação no Judiciário. “Acho que é um direito legítimo das famílias (de buscar indenização na Justiça). Da minha parte, o que a gente puder fazer por essas famílias, em todos os sentidos, nós temos que fazer. Ninguém saiu de casa querendo provocar uma tragédia dessa, com certeza, mas se existir a possibilidade jurídica de o município dar essa condição para as famílias, com certeza, tem que dar. Só quem passou sabe, só quem perdeu familiares sabe da dor e da dificuldade que é. Então, recurso financeiro não vai trazer ninguém de volta, infelizmente, mas serve, talvez, para dar uma condição melhor ali em alguns acompanhamentos, que as famílias precisam, enfim. Então, não sou contra não, com certeza, sou a favor das famílias, de que elas tenham todo o suporte possível”, diz o prefeito.

Com informações de TN Online

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